Texto: Euclides Penedo Borges.
Denominada com justiça “a rainha dos vinhedos”, a variedade francesa cabernet sauvignon (traduzindo livremente: vermelhinha selvagem) é a responsável pela qualidade dos grandes vinhos do Médoc, em Bordeaux, incluindo aí o Mouton Rothschild e o Château Margaux. As folhas têm cinco lóbulos bem definidos, formando por isso uns “olhinhos”, como na foto acima, como se fosse uma máscara carnavalesca, bem fácil de identificar no vinhedo.
A casca da cabernet sauvignon é dura e espessa, formando um chapéu na cuba de fermentação, difícil de romper. Com isso, ela cede taninos e pigmentos bem devagar, sendo aconselháveis macerações longas e remontagens mais frequentes do que a malbec, por exemplo. Muito difundida pelo mundo, por ser uma planta dócil sem muitas exigências de cultivo, a cabernet sauvignon forma parte, como varietal ou em corte, de numerosos vinhos dos mais queridos do Novo Mundo, salientando-se entre nós os da Califórnia, do Chile e da Argentina.
Consta que as primeiras mudas chegaram a Mendoza, por volta de 1860, mas não tiveram a preferência dos imigrantes italianos.Teve uma evolução de plantação muito lenta, de forma que passados 130 anos, a área cultivada com Cabernet não chegava a 3 mil hectares. A partir de 1990, entretanto, com a chegada de investidores estrangeiros e a necessidade de a Argentina competir internacionalmente, houve uma rápida evolução e, hoje, a área da uva se estende por 20 mil hectares, com certa concentração na Zona Alta do Rio Mendoza e na municipalidade de Luján de Cuyo, de maior amplitude térmica e com solos mais pedregosos, como acontece em Bordeaux.
Ainda que tenha na malbec sua uva emblemática, Mendoza elabora atualmente tintos da cabernet sauvignon, que rivalizam em qualidade com os melhores das Américas.
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